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Histórias carnavalescas da “Garbosa”

Por Nilson Magno Baptista

BLOCO DOS PRISIONEIROS – CARNAVAL 1978 – S.J.NEPOMUCENO – EM PÉ,DA ESQUERDA PARA A DIREITA:JULIO LIMA, RENAN (RJ), VEROALDO FILHO, NILSON BAPTISTA E CAMILO PONTES.SENTADOS: MARCUS V. D.BARROSO, ERCÍLIA M. BARROSO, JORGE MARIN  E LUIZ AUGUSTO D. BARROSO.(ESTA FOTO, ORIGINALMENTE EM PRETO E BRANCO, FOI COLORIZADA)

 

Com a intenção de resgatar antigos carnavais da “Garbosa”, trazemos hoje o relato de algumas histórias que vivenciamos ao longo de nossos  68  anos de vida:

O capeta da Rua do Sarmento

Nasci numa casa que existia nos fundos da farmácia de meu pai, na Rua Coronel José Dutra (Rua do Sarmento), em frente à Papelaria Moderna, da firma Rocha & Cia.Ltda., onde hoje funciona a Loja C&S (Calçadão). Desde quando me entendo por gente (aos seis anos de idade, aproximadamente) acompanho o carnaval são-joanense. Num desses carnavais, aproveitando um momento de distração de minha mãe, corri ao portão para ver o movimento da rua, em plena efervescência carnavalesca, e para meu azar – como seria para qualquer criança – dei de cara com um sujeito fantasiado de capeta! Mas não era uma fantasia qualquer e sim uma das mais perfeitas caracterizações que já pude ver: toda vermelha, colada ao corpo, com chifres pontudos e um longo rabo. Para impressionar ainda mais, o tal folião ainda pintou o rosto de vermelho, deixando apenas o bigode preto. Desde aquele dia, ainda criança, nunca mais esqueci aquela figura e cheguei até mesmo a sonhar com ela muitas vezes.

Criatividade dos foliões

– Certa vez, ainda na época em que o movimento do carnaval se concentrava na “Rua do Sarmento”, vi um cara carregando uma manilha, mas não dei muita atenção ao fato. Quando o folião passou revolvi olhá-lo novamente e só então notei que , nas costas, ele havia afixado um cartaz em que se lia : “CADA DOIDO COM SUA MANILHA”;

– Os bares mais movimentados da cidade na minha época de infância, como não poderia deixar de ser, se localizavam na nossa tradicional “Rua do Sarmento”. Lembro que existiam o Bar Central, o Bar do Lobão e o Bar Dia e Noite, e foi neste último que vi um folião, que me pareceu não ser da cidade, sentado a uma mesa, logo na porta, bebendo alguma coisa (talvez cerveja), em um penico daqueles esmaltados; e o pior é que, de vez em quando ele tirava, de dentro do penico, pedaços de algo parecido com linguiça e comia. Para quem via de longe aquilo parecia outra coisa!;

– Quando já rapaz, eu e meu  amigo Marcus Dadalti resolvemos nos fantasiar de médicos: arranjamos um estetoscópio cada um, óculos de aros grossos, um jaleco branco e saímos pelas ruas “examinando” pessoas e passando receitas, de brincadeira. De repente, próximo ao prédio da então Força & Luz Cataguases-Leopoldina, nos deparamos com uma figura popular, o “Bastião Taioba”, fantasiado de mulher grávida e empurrando um carrinho onde havia um boneco. Quando nos viu, “Bastião” se jogou no chão e imediatamente começou a entrar em “trabalho de parto”, ao qual eu e meu amigo tivemos que dar assistência, ali, no meio da rua, com um monte de pessoas em volta. Então, “nasceu” uma linda boneca loira que ele tinha escondido debaixo da barriga falsa de grávida. Foi um sucesso total, aplaudido demoradamente por todos que se aglomeravam na Praça Coronel José Brás.

Lança-perfume liberado

Um fato, também da minha época de infância, era a venda de Lança-perfume em qualquer loja da cidade. O produto era exibido nas vitrines juntamente com máscaras, pacotes de serpentina e confete, entre outros artigos carnavalescos. Quando eu estava com cerca de sete anos de idade a venda foi proibida em todo o país pelo então Presidente Jânio Quadros(1961). É que muitas pessoas passaram a utilizá-la de forma perigosa, como droga mesmo!

Meu primeiro – e único – desfile pela querida verde e rosa

Foto publicada no jornal “O Sul da Mata” (posteriormente colorizada)

Em 2005, tive a imensa alegria de participar do desfile da minha querida Escola de Samba Avenida Carlos Alves, a ESACA. O enredo era: “E Deus criou a mulher”. Junto comigo estava Edite, minha companheira de mais de 20 anos. Foram momentos inesquecíveis que jamais saíram da minha memória. Fui membro da Diretoria por vários anos, mas, por incrível que pareça, só participei de desfile depois de ter me tornado cadeirante. Valeu muito a pena a experiência.

 

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